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Sobre o Pé de Cajá e Inteligência Emocional

Hoje quero conversar com vocês sobre como lidamos com nossas “04 estações”. Como cuidamos das nossas emoções no mundo corporativo e se damos a devida importância a este assunto.

Tem um pé de cajá bem em frente a uma das janelas da minha casa. Moro no 9º andar e o tal pé chega, mais ou menos, até o 7º andar.

Já estamos aqui há 22 anos, porém acho que o meu amigo pé de cajá vive há mais tempo, mas o fato é que diariamente me ponho a observá-lo. Ele abriga passarinhos bem bonitos e quando está carregado de frutas é a alegria da criançada do prédio que “cata” as frutinhas no chão, inclusive a “criança” que vos escreve.

Hoje estive a observá-lo mais detidamente. Não é nenhuma novidade o que vou contar, mas no primeiro ano aqui achei que ele estava para morrer e que logo viria aquele caminhão para cortar todos os seus galhos. Ficava da janela vendo seus gravetos secos balançarem com o vento para lá e para cá e via suas poucas folhas caírem rapidamente. Da metade da árvore para baixo, até que tinha um monte de folhas, mas, do meio para cima, galhos secos apenas.

Mesmo assim, os passarinhos continuavam a frequentar os seus galhos e uma família mais esperta carregou tantas folhas e construiu um ninho tão bem elaborado que incrivelmente resistiu aos fortes ventos que o balançam. Assim fiquei esperando o caminhão chegar, mas eis que, antes do referido carro, a primavera no final de setembro diz a que veio e não é que o meu vizinho pé de cajá estava todo viçoso?! Novas folhas e muitas flores.

Parece que os bichinhos também gostam da primavera e das folhas, porque uma multidão de borboletas, besourinhos, passarinhos e outros tantos pequenos habitantes chegam aos montes. Alguns, inclusive, mesmo sem convite, resolvem conhecer o meu lar, causando alguns pequenos sustos em mim e uma alegria enorme no instinto caçador dos meus Bichanos.

O verão chegou e é época de cajá, o chão fica coberto de frutos amarelos. Depois o vento vai ficando mais forte, as folhas começam a cair, só vejo galhos e, de repente, folhas, flores e frutos.

Em todos estes 22 anos esta história se repetiu e lá estou eu e meu pé de cajá numa convivência fraterna e de admiração. Eu o admiro. Sim, porque ele sabe simplesmente ser natural, aceitar as suas fases, seguir adiante, suportar o vento, até perder galhos e folhas, mas, por fim, sabe renascer mais viçoso, cheio de beleza e de alimento.

Eu disse que não contaria nenhuma novidade a vocês. Penso que a grande maioria de nós conhece algumas características das quatro estações e do que acontece na natureza. Mas hoje, ao olhar o meu amigo pé de cajá, pensei em alguns amigos humanos, nas nossas empresas, nos nossos times e em mim também.

Pensei nas dificuldades que temos em aceitar as nossas estações. Em perceber que somos outono e inverno, mas também primavera e verão. Talvez quiséssemos ser só verão e ter brilho e calor todo o tempo. Ou, quem sabe, ser primavera, perfumar, enfeitar e colorir tudo ao redor. Mas não tem jeito: somos também vento forte e frio; às vezes, até neve. Podemos até ressecar e machucar outros, se resolvermos ser chuva de granizo. Em outros momentos, ficamos tão secos como os galhos do meu amigo no outono que nem damos conta e achamos que o vento forte vai nos partir ao meio. Nessas horas, a sabedoria do meu pé de cajá reina absoluta!

Já quis ser rio. Agora estou com uma vontade enorme de ser pé de cajá, ou pelo menos aprender com ele. Mais do que aceitar as minhas estações é ter a certeza de que, mesmo com chuva e frio, vento forte e nuvens carregadas, ainda posso abrigar outras tantas naturezas em mim. Se ainda for pouco, é só lembrar que inexoravelmente as flores virão! Depois delas, o calor e o brilho do sol, porque assim somos nós. Somos também quatro estações.

Mas se o frio ainda nos assustar, viva a tecnologia. Vamos colocar umas placas de energia solar nos nossos corações. Daí a gente passa três meses armazenando um monte de calor.

Só que para dar certo e nos mantermos aquecidos quando o frio chegar, a receita é bem simples: compartilhe todo esse calor com quantos você puder! Principalmente com quem tem menos. E pode ter certeza de que tem de monte por aí precisando!

Esse passeio que fiz com vocês ao meu pé de cajá teve o intuito de refletir sobre a inteligência emocional. Essa é uma competência essencial no mundo corporativo e, para os líderes, o impacto vai direto em um lugar bem dolorido: o bolso das organizações. A falta de gestão emocional por parte da liderança interfere diretamente no clima organizacional e as pesquisas provam que este elemento responde por até 1/3 dos resultados financeiros de uma empresa.

Então? Vamos correr este risco? Como você tem vivido suas 04 estações no mundo corporativo e o quanto tem cuidado delas nos seus liderados?

Feliz quatro estações para todos nós!