Sobre Execução e Beliscões

Quando meu filho nasceu, três coisas rapidamente aconteceram, imediatamente após a retirada dele do meu útero. Naquele momento tenso e mágico, a obstetra o trouxe aos meus braços e a primeira coisa que pensei foi: “nossa, como ele é feinho…é tão bochechudo! Só tem bochechas!”

No segundo seguinte, fui tomada por um grande pavor: e se roubassem ele de mim? Ele estava ali, quieto, sem chorar, tão pequeno e indefeso e eu, presa naquela cama/maca, nos procedimentos finais do parto natural, como poderia protegê-lo? Ele precisava de mim!

Foi quando tive uma ideia! Vou marcá-lo!

E ali, nas minhas restritas e, confesso, insanas possibilidades, belisquei o dedo mindinho dele e… deixei uma marca! Ele abriu o berreiro para chorar, eu chamei a médica, fingindo uma preocupação com a “desconhecida” dor que ele poderia sentir e avisei à minha mãe na saída da sala, que ficasse de olho nele e no dedo mindinho: ele estava marcado, algo tinha sido feito!

Por que estou escrevendo sobre isso agora para vocês se o título deste artigo é Sobre Planejamento, Execução e Aprendizados?

Finalizamos o 1º semestre deste ano e estamos avaliando nossos resultados, nosso desempenho e já planejando o ano que vem. Estamos na bendita, necessária e talvez, negligenciada fase do planejamento estratégico.

Na nossa experiência profissional, nos deparamos com algumas situações que a nossa lúdica abordagem inicial permite uma reflexiva comparação. Vamos pensar juntos sobre algumas delas?

• Quando identificamos alguns desvios “feios” estamos fazendo exatamente o quê? Reclamamos, amaldiçoamos, ficamos tensos, mas, as “bochechas” continuam lá e, empresarialmente, corremos o risco de começar a deixar de lado, ao invés de “amar”, de cuidar, de executar, na maior parte das vezes até por não saber o que fazer;

O que poderia ser considerado “feio”? Cliente insatisfeito, colaborador que não entrega, fornecedor que não atende, resultado que não chega, processo torto, estrutura inadequada, time desacreditado, humores comprometidos, só para listar algumas coisas;

• E quando vemos os nossos problemas e, por ausência de força, preparo, recursos ou tudo isso, paralisamos? Falta a ação rápida. Falta a ação preventiva, a corretiva, a busca de ajuda, ou o pior, escolhemos por arrogância ou medo, mascarar o problema, colocar para baixo de um imaginário tapete corporativo, não o tornar visível para todos os envolvidos e, o que me parece mais grave e com direta recomendação de tratamento psiquiátrico, continuar esperando que resultados diferentes e melhores aconteçam. Como isso seria possível?

• Ah! Chega a hora que em dizemos que as pessoas são os problemas. Será? Ou será que foram as nossas escolhas / decisões? Contratamos vendedores que nunca venderam nada, mas queremos um superfaturamento de vendas. Contratamos profissionais de relacionamento com Cliente que não gostam de pessoas e queremos ser referência em atendimento ao Cliente. Contratamos líderes que nunca foram líderes, mas queremos que os resultados aconteçam. Promovemos excelentes técnicos para vagas de liderança ou comerciais que não estejam preparados, queimamos o eleito e detonamos o astral da equipe. Entendemos que investir em qualificação é desnecessário, mas esperamos que as pessoas mudem por si só. Queremos o melhor lucro, o melhor resultado, este que é produzido pelas pessoas, mas queremos fazer isso, sem o “porre” de ter que acompanhar, desenvolver, motivar, orientar, reorientar e…fazer tudo isso de novo todos os dias! Como?

Penso que é aí que “deixamos de beliscar”! Não executamos o que deve ser executado.

O que estamos fazendo? Esperamos que algum milagre aconteça? Ele pode acontecer sim, mas tem um nome. Este milagre se chama execução!

Sou profundamente apaixonada por Ram Charan e tenho muito respeito por Vicente Falconi e, no sentido acadêmico e profissional, claro. São mestres, inspiradores e orientadores do meu trabalho com meus Clientes, sejam pessoas físicas ou empresários (as) e suas equipes. Eles reforçam, ampliam, apoiam o que já perceberam e provaram e que também pude constatar nos meus 35 anos de experiência: o fato de não iniciar (esperar o milagre), não realizar adequadamente (conservar-se amador) e não se concluir o que se começou (ser procrastinador, omisso ou irresponsável), em minha opinião e nas minhas palavras, é uma das grandes tragédias enfrentada por nossas empresas e por nossos profissionais.

Ainda que seja um beliscão, por amor e pela sobrevivência dos nossos negócios, precisamos atuar. Precisamos executar. Precisamos reconhecer, investir, planejar e realizar.

Ou iremos esperar os grandes beliscões do mercado, dos concorrentes, das crises, pandemias, instabilidades políticas, pessoas descomprometidas que nos cercam, nos apertarem primeiro?

Que preço estamos dispostos a pagar por isso? Nossas empresas, sonhos, pessoas, os empregos e rendas que geramos? Nossa realização e senso de propósito e pertencimento neste plano?

Na nossa Trilha BANI 360º – Liderança, RH e Estratégia em Foco trabalharemos fortemente estes aspectos com nossos(as) mentorados(as) e participantes. O tempo urge e por isso, quero desejar que estas linhas inspirem uma avaliação serena, lúcida, de muito aprendizado, mas acima de tudo assertiva para que o seu planejamento estratégico para este 2º semestre e para o próximo ano, possibilite as valorosas e necessárias transformações para você, sua empresa, nossa comunidade e para o nosso país.

Recebam meu afetuoso abraço!

 

Fabíola Matos, sócia-fundadora da Arttha Gestão & RH e profundamente apaixonada pelo que faço!

P.S: O filho está um gato, afinal, o inchaço de sair da barriga da mamãe se deu há 27 anos, então, o amasso e o tanto de bochechas se foram, bem como a marca daquele beliscão!