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Sacrifício ou sacro-ofício?

Como você encara o seu trabalho?

Na semana passada falamos sobre o céu azul e o propósito da nossa carreira. E, seguindo nessa linha, mas avançando para aspectos mais práticos, o que o trabalho representa para você?

  • Um mal necessário?
  • Uma forma de pagar as contas?
  • Motivo de tensão absoluta?
  • Quero emprego e não trabalho! Já ouviram isso? Ou já falaram?

O trabalho é uma das dimensões mais importantes na vida do ser humano. É onde se concentra a maior parte das nossas horas de vida. É o que permite, à grande maioria das pessoas, viver material e socialmente. Por isso, nosso trabalho nunca deveria ser visto ou sentido como um sacrifício, mas sim como um sacro- ofício: algo sagrado, que nos ajuda a transcender, a estar atuante e presente no mundo e na sociedade.

Se concordamos que ele tem este valor, então hoje gostaria de destacar um aspecto específico: acredito que perdemos a noção da importância do preparo, do esforço, da dedicação e da resiliência necessários para a conquista dos nossos objetivos relacionados ao trabalho. Queremos tudo para já, rápido e fácil. Então, qualquer coisa que se oponha a isso, torna-se sacrifício! Um peso! Uma dor insuportável!

Vamos lá…polêmica à vista! Para começo de conversa, essa forma de querer/encarar a vida profissional e o trabalho, me parece especialmente imatura e infantil, no sentido literal da palavra e não pejorativo. Observem as crianças. Quando querem alguma coisa, geralmente querem naquele momento! E se não conseguem, reclamam, choram, esperneiam e fazem bico. Como dizia ao meu filho quando ele era pequeno, viram Tucanos!

Percebem o que dizia acima?

  • Se surge um problema e não consigo resolver, me estresso e… “ahhh, meu Deus, que porre!” (birra).
  • Se algo diferente do que estava acostumado a fazer me é solicitado…”ah, não sei se quero, não está no meu escopo, vai dar muito trabalho.” (reclamação).
  • Se um cliente exige mais, cobra mais, provoca mais…”ahhh, que saco!” (esperneio).
  • Se meu líder me chama atenção, corrige, reorienta, mas não foi do meu jeito ou como eu queria…”ahhh, que injusto(choro)”. Ao final de tudo isso, um bico gigante, mas menos bonito e colorido do que o do Tucano.

As situações acima são a regra do jogo, fazem parte da lida. Claro que não estou considerando desvios de conduta, como líderes que assediem, trabalhos em condições precárias ou desumanas ou qualquer desvio da ética e das leis do nosso país. Fora isso, vou amorosamente provocar vocês: “se não aguenta carnaval, peça micareta. Se não aguenta micareta, peça lavagem. Se não aguenta lavagem, aí meu amigo, vamos repensar a vida!” Porque o mundo não é para os fracos! Vivemos tempos desafiadores, o mundo BANI. Em outro texto vou explorar esse conceito um pouco mais, porém por ora, vamos refletir sobre como precisamos nos posicionar frente ao trabalho e torná-lo algo sagrado nas nossas vidas.

Aqui quero especialmente fazer uma provocação para as novas gerações: caríssimas jovens pessoas, vocês precisam ralar. Precisam engrossar o couro.

Sei que vocês já nasceram conectados, ágeis, agitados, tecnológicos, ansiosos, porque é esse o mundo atual. Enquanto os mais velhos tiveram e tem que se adaptar e aprender a duras penas, vocês já nasceram sabendo! Ahá!! E, essa força, também é sua fraqueza, porque os deixou um tanto arrogantes e pouco resilientes. Com baixíssima tolerância às frustrações, decepções e perdas.

Vamos encontrar um caminho de equilíbrio?

Me assusta ver muitas pessoas perseguindo o caminho fácil, porque alguns conseguiram e agora vendem este caminho. Será que foi realmente “fácil”?

Nós inspirarmos com carreiras que brotam no Tik Tok, Instagram e…isso quer dizer que todas as pessoas

do mundo irão alcançar isso? Percebem que a conta não fecha?

Ah, então você está sugerindo que eu desista dos meus sonhos, que seja mais um, que faça igual a todo mundo? De jeito nenhum! Estou te convidando a colocar o pé no chão.

Pois é…na Bahia, no carnaval, os cantores gritam de cima do trio: tira o pé do chão!

Vejam que analogia maravilhosa. Para você tirar ele de lá, ele precisa estar lá antes! Não é “tira o pé das nuvens”, é “tira o pé do chão!”

Seu sonho pode estar lá céu azul e sua meta é chegar lá, mas precisamos de algumas coisas, entre elas, um realismo pragmático ou um pragmatismo realista, só para ficar bem claro!

Querem um exemplo? Por que é que 87% das empresas fecham antes do segundo ano de vida e 89% dos negócios familiares não ultrapassam a 1ª geração? Por muitas razões que poderemos discutir em outro momento, mas faço uma aposta que, dentre elas, se encontra a falta deste realismo / pragmatismo.

Como podemos desenvolver essa habilidade pragmática? Como já sabem, aqui não estão receitas prontas nem verdades absolutas, mas parte do que vejo dar certo comigo e com muitos dos meus clientes. Espero que possa te inspirar.

  • Estar consciente da sua escolha – Se precisar repensar, reavaliar e mudar a rota, faça
  • Ter um mentor – Aprendemos o tempo todo. Aprendemos o que fazer e o que não fazer com as Escolha alguém de sua confiança que possa te apoiar no seu processo de amadurecimento.
  • Desenvolver a humildade para aprender aceitando que não sabe tudo – Pois é, a ideia aqui é sermos socráticos, saber que nada sabemos. Tornar isso não um conceito filosófico, mas uma prática diária.
  • Trabalhar continua e arduamente sua inteligência emocional – Olha a terapia chegando aí, gente! Olha a meditação na área! Olha a atividade física diminuindo cortisol e aumentando endorfina. Olha a alimentação saudável te dando mais clareza mental! São alguns caminhos para deixar suas emoções devidamente
  • Ressignificar o sentido do trabalho na sua vida – Acredito que esse último passo virá naturalmente como consequência dos Depende de você e de suas escolhas.

Que o trabalho para você seja sagrado, assim como é a sua vida! Fabíola Matos